Monthly Archives: Maio 2015

15 dicas para pôr os seus filhos a falar sobre livros

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por Catarina Araújo

Laura Lambert, escritora e editora, escreveu um artigo sobre como por vezes os pais têm dificuldade em conversar com os filhos sobre os livros que estão a ler. Fazem as perguntas típicas e depois a conversa morre ali, sem terem explorado verdadeiramente os temas e os sentimentos despertados pela leitura do texto. Tal pode ser muito frustrante e acabar por levar a que as crianças percam interesse na leitura. Mas então como ter uma conversa interessante e construtiva com os filhos sobre a história que acabaram de ler? Aqui ficam as 15 dicas da autora para iniciar uma boa conversa sobre livros.

(O artigo é daqui.)

(A tradução não é literal, mas passa as ideias gerais. Não dispensa contudo a leitura do artigo original.)

Para crianças pequenas:

1)  Apontar e perguntar – Pare a meio da história e peça-lhes para apontarem objetos e cores. Se já tiverem idade suficiente, saberão contar: «Quantas flores vês?». Isto é vital para o desenvolvimento da linguagem.

2) Fazer uma previsão – Perguntar «O que achas que vai acontecer a seguir?» Mesmo que já tenham lido aquela história dezenas de vezes. A repetição é importante para as crianças.

3) Fazer uma pausa e deixá-los continuar – Isto funcionará muito bem com livros de rimas, em que se lê um verso e se pára antes da última palavra, deixando-os acabar a rima.

4) Fazer comparações com a vida real – Por exemplo, se estão a ler sobre uma personagem que tem cabelo loiro, perguntar à criança de que cor é o seu próprio cabelo. Ou se o peluche de uma personagem tem um nome, perguntar por sua vez como se chama o seu peluche preferido.

5) Continuar a história – Terminado o livro, imaginar outras histórias com as personagens ou fazer pequenos teatrinhos, em que cada um interpreta uma personagem. Isso ajudá-los-á a pensar mais profundamente nas características das personagens e da história.

Crianças em idade escolar:

6) Falar sobre as palavras difíceis – Se a criança estiver a ler para o pai ou para mãe, é fácil parar numa palavra mais difícil e questionar-se sobre ela. Tenha um dicionário ao pé e consulte-o sempre que precisar. (O exercício estimulará a aprendizagem de palavras novas.)

7) Explorar mais pessoalmente os assuntos – Incentive a criança a pensar mais na história, a colocar-se na pele da personagem e a pensar o que faria de diferente se estivesse no seu lugar. (Isto promove a empatia, a capacidade de se colocar no lugar dos outros, e a ver as diferentes perspetivas de uma situação.)

8) Comparar com outros livros – As crianças adoram séries e os volumes são sempre diferentes uns dos outros, por isso pode-se perguntar-lhes o que acharam daquele volume em comparação com os anteriores.

9) Evitar as perguntas típicas de um trabalho para a escola – Para ter um verdadeiro diálogo com o seu filho, evite as perguntas típicas que são feitas em sala de aula, e incentive-o a explorar mais profundamente os temas falados na história.

10) Estabelecer ligações com o mundo real – À medida que os livros que eles leem se tornam mais complexos, pode-se discutir temas mais profundos, como por exemplo a morte ou o preconceito. É aqui que a conversa poderá tornar-se mais interessante.

11) Deixe-se levar – Ler com o seu filho deve ser uma experiência divertida e as conversas que surgem naturalmente à medida que progridem em conjunto na leitura são as melhores.

Para leitores mais avançados:

12) Leia o que eles estão a ler – O seu filho é agora um leitor independente, mas mesmo que já leia sozinho, isso não quer dizer que não possa ter uma conversa com ele sobre o que está a ler. Leia também e depois conferencie com ele sobre a história.

13) Seja fiel a si mesmo – Numa conversa verdadeiramente interessante partilham-se opiniões e diferentes pontos de vista. (Respeite a opinião do seu filho e não tenha medo de partilhar a sua.)

14) Não julgue – O seu filho está a desenvolver a sua forma de ver o mundo e a testar diferentes valores que vai aprendendo com as suas próprias vivências. Isso é importante. Não desvalorize as suas visões sobre uma personagem ou sobre uma história. Poderá estar a perder uma oportunidade de perceber como é que o seu filho pensa sobre as coisas.

15) Seja um leitor – Partilhe a sua paixão pela leitura com os seus filhos e deixe-os tomar-lhe o gosto pelo exemplo. Leia muito, à frente deles. Fale sobre as personagens, os sítios e as histórias dos livros que lê. Se estiver entusiasmado, eles também vão ficar.

A melhor montra de livraria infantil

Todos os anos, por esta altura, a Children’s Book Council, em parceria com a Every Child a Reader, associa-se à American Booksellers Association para organizar a Semana dos Livros para Crianças e, entre muitas outras atividades, escolher a melhor montra entre as livrarias infantis e juvenis que se juntam a esta festa. Este ano a vencedora foi a Elm Street Books, em New Canaan, no Connecticut, EUA, com uma vitrina profusamente decorada, e que celebra a leitura e a imaginação. Aqui ficam as fotografias da livraria vencedora.

Para ver as restantes fotografias das outras livrarias candidatas ir aqui.

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Raiva, cinzas, asteróides, o Diabo e o amor…

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Aqui ficam alguns dos títulos para adolescentes que andam a causar sensação lá fora. Vão desde o realismo contemporâneo, ao thriller, à fantasia histórica e ao apocalíptico.

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All The Rage, de Courtney Summers

«O filho do xerife, Kellan Turner, não é o menino de ouro que todos pensam e Romy Grey sabe bem disso. E por ninguém querer acreditar numa rapariga que vem do lado errado da cidade, a verdade costou-lhe tudo – os amigos, a família, a comunidade. Marcada como mentirosa e maltratada pelo grupo de amigos com quem costumava andar, o único refúgio de Romy é o restaurante onde trabalha e que fica fora da cidade. Lá ninguém a conhece, nem sabe do seu passado, e pode finalmente ser anónima. Mas quando uma rapariga com ligação a Romy e a Kellan desaparece após uma festa, e notícias vêm a lume de que ele poderá ter agredido outra rapariga numa cidade ali perto, Romy terá de decidir se quer lutar ou se irá carregar o fardo de saber que mais raparigas serão atacadas se ela não falar. Afinal de contas, ninguém acreditou nela antes – e certamente não acreditarão agora – mas o custo do seu silêncio poderá ser maior do que aquele conseguirá alguma vez suportar.»

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We All Looked Up, de Tommy Wallach

«Antes do asteróide deixávamo-nos ser definidos por rótulos: o atleta, o marginal, o mandrião, o sabichão.

Mas quando olhámos para cima, tudo mudou.

Disseram que chegaria em dois meses. Isso deu-nos dois meses para deixarmos os rótulos de lado. Dois meses para sermos maiores do que alguma vez fomos. Para sermos algo que perdurasse depois do fim.

Dois meses para viver. De verdade.»

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An Ember in The Ashes, de Sabaa Tahir

«De acordo com a lei do Império Marcial, a punição para a desobediência é a morte. Aqueles que não consagram o seu sangue e o seu corpo ao Imperador arriscam-se a que as pessoas que amam sejam executadas.

É neste mundo brutal, inspirado na Roma Antiga, que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. A família sobrevive nas ruas empobrecidas do Império. Eles não desafiam o Império. Eles viram o que acontece àqueles que se atrevem a fazê-lo.

Mas quando o irmão de Laia é preso por alta traição, Laia é forçada a tomar uma decisão. Em troca da ajuda dos rebeldes, que prometem salvar o irmão, ela terá de arriscar a vida como espia no seio da maior academia militar do Império.

Aí, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia – e também, secretamente, o mais reticente. Tudo o que Elias quer é libertar-se da tirania que ele está a treinar para impor. Rapidamente, tanto Elias como Laia irão descobrir que os seus destinos estão cruzados – e que as suas escolhas irão alterar para sempre o destino do próprio Império.»

devil

The Devil You Know, de Trish Doller

«Aos dezoito anos, Arcadia quer aventura. Vive numa pequena cidade da Florida com o pai e o irmão mais novo, de quatro anos, e passa o tempo no trabalho, na escola, e a cuidar da família. Quando conhece dois primos bem-parecidos numa festa da fogueira, finalmente tem a oportunidade de se divertir. Eles convidam-na a ela e a uma amiga a juntarem-se a eles numa viagem de carro – exatamente aquilo que ela procurava para poder escapar. Mas se ao princípio é tudo muito divertido, rapidamente a jornada se transforma num pesadelo quando Arcadia descobre que um dos primos não é bem aquilo que parece. Um deles tem intenções mortíferas.»

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Emmy & Oliver, de Robin Benway

«O melhor amigo de Emmy, Oliver, reaparece depois de ter sido raptado pelo pai dez anos antes. Emmy espera que eles retomem a relação onde ela ficou, mas depois de dez anos fora, pensando que o pai era o herói da história, Oliver tem muita coisa que precisa de compreender.»

A livraria Salta Folhinhas, no Porto

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por Catarina Araújo

Abriu há mais de dez anos e foi a primeira livraria infantil a abrir no Porto, tendo já criado história nas pessoas que por lá passam todos os dias, pequenos e crescidos. Damos hoje a conhecer a livraria infantil e juvenil Salta Folhinhas.

Apresente-se!
Olá, sou a Teresa Cunha, livreira da livraria Salta Folhinhas e engenheira eletrotécnica de formação.

Porque resolveram abrir uma livraria infantil?
Trabalhei alguns anos na minha área de formação: engenharia. Durante esses anos fui mãe de três rapazes e, sentindo-me frustrada profissionalmente, decidi tomar a tempo inteiro o lugar de mãe e de trabalhadora doméstica. Vida árdua, cansativa, mas que me deu, e ainda me dá, todos os dias, muitas alegrias. Estando os filhos grandes e mais autónomos, decidi fazer aquilo que sempre sonhei fazer – trabalhar para e com as crianças – e nada melhor do que acrescentar a esse mundo os livros. Assim, com o apoio da minha cunhada e sócia Isilda Monteiro, abrimos a Salta Folhinhas, a primeira livraria infantil no Porto.

Como desenvolveram o espaço?
O espaço estava há muitos anos fechado, ficava perto da escola que os meus filhos frequentaram e, melhor ainda, ficava perto de casa. É um bairro residencial em que as ruas têm nomes de escritores e onde encontramos vários colégios e infantários. A loja tinha uma ótima área e permitiu criar dois espaços: a livraria e a sala das histórias. Nessa sala acontecem horas do conto, oficinas, espetáculos, festas de anos… um sem fim de atividades. Com o apoio de uma equipa de jovens arquitetos, apareceu na Salta Folhinhas um espaço em que os livros estão acessíveis a todos, mesmo aos mais pequenos.

Como é a receção das pessoas? Como tem sido o impacto na comunidade?
Já cá estamos há dez anos e picos (quase, quase onze) e o público está sempre a mudar, uns crescem outros nascem outros mantêm-se para sempre. Somos uma loja de bairro em que frequentemente alguém entra só para conversar ou dizer olá ou oferecer uma prenda (uma pedrinha, um desenho, um abraço ), ouvem-se histórias, contam-se histórias, e assim se criam laços de amizade que ficam, creio eu, para sempre

Que atividades desenvolvem?
A livraria oferece sessões de contos para famílias, normalmente ao sábado; sessões de contos para grupos escolares mediante marcação prévia; sessões com autores e, ou ilustradores; exposições de ilustração; festas de anos com estórias que ficam na história para crianças dos três aos dez anos; oficinas de várias expressões: plástica, escrita, dramática, musical…; fornecemos livros para feiras do livro em escolas; no nosso espaço funciona também a Escola de Narração Itinerante Clara Haddad com oficinas de narração para adultos.

Sentem-se como missionários da leitura? Ou seja, com tão poucos espaços dedicados exclusivamente à literatura para crianças, sentem que podem providenciar um serviço diferente que vá direto ao público infantil e aos pais, e que os outros espaços, livrarias, lojas, não podem oferecer?
Claro que sim. Poder ajudar a encontrar o livro certo para uma criança e depois ter o retorno é muito gratificante. Para mim um bom livro é aquele que nos dá gosto ler … Um bom livro não é o mesmo para todas as crianças o desafio é conseguir juntar o livro ao leitor.

E, por fim, um convite aos nossos leitores!
Um convite…
Não percam em julho, nos dias 24, 25 e 26, o Festival Um Porto de Contos, que acontece na Casa das Artes, Casa Allen e jardins mesmo aqui ao nosso lado na Rua António Cardoso. A Salta Folhinhas está lá. Para saber mais podem visitar o site www.umportodecontos.com.

A livraria está sempre aberta à segunda, das 14h30 às 19h30, e de terça a sábado apenas descansamos das 19h30 da tarde às 10h00 da manhã do dia seguinte. Consultem a nossa programação mensal em www.saltafolhinhas.pt.

Eça é que é essa!

Pintura de Sílvia Patrício
Pintura de Sílvia Patrício
por Sofia Pereira

«O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.»
Eça de Queirós

As paixões proibidas sempre suscitaram o interesse dos leitores. Uma história de amor ardente, de desejo e de sensualidade são os ingredientes destas relações amorosas.

O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós, é um romance que se destaca pela peculiaridade de provocar a agitação na sociedade intelectual dos finais do século XIX, ao contar a história do amor proibido de Amaro e Amélia.

Amaro, o pároco recém-chegado à cidade de Leiria, começa a frequentar a casa de Amélia. Ambos nutrem uma paixão avassaladora, que jamais pode ser consumada devido à batina. O desejo é maior e acabam por se entregar às escondidas. A jovem engravida e é abandonada por Amaro. Refugia-se numa quinta nos arredores de Leiria e acaba por falecer no parto.

Esta obra queirosiana provocou algum incómodo e controvérsia por assombrar um lado mais obscuro do clero, questionando os valores da Igreja Católica e da Fé. Eça de Queirós conseguiu criar o romance como um instrumento crítico, sem esquecer o sentido estético e artístico.

Uma paixão proibida que inspirou a realização de um filme, por Carlos Coelho da Silva:

Crime não é ler.

Crime é não conhecer uma das obras mais emblemáticas de Eça de Queirós. Na cidade que acolheu o padre Amaro, Leiria, todos os leitores poderão percorrer a zona histórica – a Rota d’O Crime do Padre Amaro – e fazer uma viagem ao passado, conhecendo os locais mencionados no livro. Poderão, ainda, degustar algumas das receitas queirosianas, no emblemático Espaço Eça.

Crime não é ler e deixar-se apaixonar pelo amor de Amaro e Amélia.

Ler é que poderá ser crime.

Título: O Crime do Padre Amaro
Autor: Eça de Queirós
Editora: Porto Editora

Vencedor do Waterstones Children’s Book Prize de 2015

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A obra vencedora do Waterstones Children’s Book Prize deste ano foi um livro ilustrado com o título Blown Away, da autoria de Rob Biddulph. O prémio, no valor de 5000 libras, é atribuído a novos talentos na área da literatura para crianças. Este é apenas o segundo livro infantil ilustrado a ganhar o prémio desde que ele existe, sendo esta a 11.ª edição. Melissa Cox, diretora de compras para a Waterstones, explica que este ano não foi difícil, pois os juízes concordaram que Blown Away tinha potencial para se tornar um clássico e «viver no coração das crianças por muitas gerações».

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A história do livro, como muitas, foi inspirada nas histórias que Rob contava aos filhos antes de dormir. Blue é um pinguim que é levado por um kite do Antártico até a uma ilha tropical. Pelo caminho muitos amigos tentam apanhá-lo, mas acabam também por ser carregados. Com saudades de casa, e cansados do calor, os animais, entre os quais há também um urso polar e uma foca, constroem um novo kite para os levar de volta para o Antártico.

Mais sobre o livro e o autor aqui.

Notícia daqui.

Ler em voz alta ajuda a desenvolver o cérebro

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Um estudo feito no Centro Hospitalar Pediátrico de Cincinnati, no Ohio, EUA, sugere que ler em voz alta para crianças tem um impacto muito positivo no cérebro, estimulando a ativação de certas zonas que ajudam ao desenvolvimento cognitivo. Ajuda também a desenvolver a linguagem, a imaginação e até a visão. Os investigadores descobriram, durante o estudo, que as crianças em idade pré-escolar, em cujas casas se lia mais em voz alta, apresentavam maior ativação do cérebro nas zonas associadas à aprendizagem e à memória. O estudo foi feito em famílias com diferentes situações económicas e os resultados demonstraram que todas as crianças apresentavam resultados semelhantes. E que quanto mais cedo começassem a ler em voz alta aos filhos, melhor.

Mais informações sobre este estudo aqui.